segunda-feira, 1 de junho de 2015

No Fim das Contas...


 Então vem a certeza de que vivemos nesse vasto, complexo e impermanente mundo. As folhas das árvores caem a cada inverno, as flores chegam a cada primavera. A chuva chove de uma forma sempre nova, encharcando em poças nunca repetidas a planície desgastada pelo tempo.

As pessoas vêm, as pessoas vão. Nos damos conta de que, a rigor, todos nós já nascemos com os dias contados; existimos nessa vida por um período limitado de tempo e espaço. Mas ainda assim não há motivo para ficar triste: tivemos a oportunidade de nascer nesse mundo e assim testemunhar toda complexidade, vastidão e impermanência e tudo de positivo que há nele. Nascemos, também, condenados à vida.

Constatamos o real privilégio de viver o eterno presente que se apresenta no eterno retorno do agora. Amar pessoas que vêm e vão dentro dele, desfrutar a natureza que se apresenta, ouvir seus sons, tomar um banho de cachoeira, caminhar na montanha. Também estão incluídas nesse pacote todas as dificuldades inerentes ao vasto, complexo e impermanente: lidar com nossos sentimentos de medo, insegurança, raiva, praticar aceitação e ser aceito pelos outros, digerir diferenças, ficar preso no trânsito, atravessar dias atravessados na cidade. É assim. E compreendemos que não há lugar pior ou melhor, diga-se de passagem, há apenas o lugar em que estamos. Caminhar na montanha pode se tornar uma tremenda dor de cabeça quando torcemos o tornozelo, e posso tranquilamente assistir ao pôr do sol de dentro do ônibus lotado.

Dificuldades e facilidades sempre serão encontradas no caminho, essa é uma das poucas certezas. E também que não atalhos para nada, que tudo demanda certo grau de esforço, assim como certo grau de relaxamento. Atividade e passividade, yin e yang dançando; um passo vem depois do outro, mas o que há entre eles quando perdemos o compasso?


Essa é a regra, finalmente entendemos. O rio não pára de correr, e o tempo aumenta sempre o grau de entropia de um sistema. Isso significa que, de fato, nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos. E o que fazemos no meio disso tudo é o que conta, é o que realmente conta no fim das contas.

~ Gustavo Mokusen ~

0 comentários:

Postar um comentário